A
definição de um estatuto da infância, o bebê e a própria infância:
reflexões a partir das definições elaboradas
por Pilippe Ariès
Ivonete Rodrigues - Matrícula: 257007
Kasandra Dos Santos De Oliveira- Matrícula:257061
Leda Araújo Alves – Matrícula: 257052
Márcia Gerônima Benites - Matrícula: 258333
A compreensão acerca da
infância, tal qual a concebemos, é algo bastante recente na história da
humanidade, tendo sido determinantemente influenciada por questões moralistas e
cristãs, conforme apontam os estudos de Varella e Alvarez-Uria, transcritos no
texto “A Maquinaria Escolar”, escrito em 1992.
Inicialmente, a infância
aparece associada à forma de ver o mundo pelo olhar do adulto. Neste contexto,
a sociedade, enquanto modeladora, é tida como a responsável pela caracterização
do indivíduo, desde seus poucos anos de vida. Desta forma, “naturaliza-se” a
existência das classes sociais e, com elas, seus diferentes tipos de infância,
passíveis de diferentes tratamentos.
Em outras palavras, pode-se
dizer que, os filhos de servos já nasciam predestinados à servidão, assim como
havia acontecido com seus pais. Já no caso das crianças nobres, elas quase não
tinham contato algum com suas mães, pois eram as criadas que se dedicavam aos
seus cuidados.
A própria organização
escolar desta época baseava-se em práticas educativas onde a criança
financeiramente abonada ia sendo instruída, desde o princípio, para que
desenvolvesse aptidões que lhe fossem úteis para os futuros cargos de chefia,
que certamente viria a ocupar.
Durante o século XVI, as
crianças eram vistas como adultos em miniatura, sem emoções ou razões que
justificassem sua existência. Eram inseridas na sociedade de qualquer forma,
sem levar em consideração as poucas possibilidades que sua estrutura física e
mental tinha para determinadas tarefas.
Ao chegar na idade
escolar, esta criança ficava confusa
quanto a que papel deveria desempenhar perante a sociedade, uma vez que vivia
misturada ao mundo adulto de tal maneira que não havia diferença quanto a forma
de vestir, jogos, atividades, aprendizagens e outros.
Anos mais tarde, foram
aparecendo diferentes categorizações das fases do desenvolvimento humano, em
especial, aquelas voltadas para a infância e a adolescência.
Características
como maleabilidade, fragilidade, rudeza e fraqueza de juízo, naturais do
indivíduo em formação, passam a ser compreendidas enquanto justificativas
plausíveis para a aplicação de ações educativas, disciplinadoras e formadoras
de caráter.
Na visão de Philippe Ariès,
isso representará um significativo avanço, uma vez que em seus estudos,
constatou que na Idade Média, a infância e a adolescência eram concebidas
indistintamente. Note-se que, a fase da primeira infância em que a criança
ainda é um bebê, só será reconhecida em meados do século XIX, há apenas dois
séculos atrás, já na fase contemporânea de nossa história.
O surgimento desta figura frágil e indefesa, muda todo contexto social por apresentar uma perspectiva de um ser como herdeiro das classes sociais mais ricas em detrimento as classes menos favorecidas, que entendia o fim da infância apenas como o a saída da dependência física e emocional.
Sendo assim, seria a própria
infância, tão somente uma ‘invencionice’ da sociedade moderna que teve reflexos
na forma de ver e entender esses indivíduos?
Sabe-se que, o
desenvolvimento da criança não é linear e que, portanto, sempre terá uma
representação social contraditória, passível de discussão sobre o assunto,
porque também a criança é educada de diversas maneiras dependendo de sua
cultura.
Todavia, a infância
concebida a partir da gênese histórica, permitiu sua configuração estatutária. Importantes
estudos foram realizados sob as mais diferentes estâncias científicas, entre os
quais, Varella e Alvarez-Uria, destacam aqueles realizados por Philippe Ariès
(um historiador francês), sem que isso signifique que seu cartesianismo, não
seja criticado ao final do texto destes autores.
Na visão de Varella e Alvarez-Uria, a infância dos dias atuais ainda possui significativas diferenças, sobretudo, quando analisada sob o viés capitalista e sua capacidade de retomar e readaptar-se aos novos contextos históricos, de tal forma que continuam prevalecendo os grupos sociais dominantes. Prova disso é a ideia do “direito à educação” que à priori, seria uma forma de garantir a “igualdade entre todos os indivíduos sociais”, mas que na verdade, nada mais é que uma aspiração burguesa na tentativa de “civilizar” os filhos dos trabalhadores.
REFERENCIA
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