sexta-feira, 20 de maio de 2016

As brincadeiras e os jogos na formação das crianças


De acordo com Bibiano (2010), brincar é uma de extrema importância para o desenvolvimento da criança. Mas como tratar deste tema com os pais que muitas vezes cobram conteúdos dos professores sem considerar que as professoras das séries iniciais, além dos conteúdos, organizam brincadeiras que fazem parte da rotina dos alunos?
Este assunto rende o que falar, assim, pode-se remontar ao final do século 19, em que se desenvolveram diversas teorias sobre o tema. Henri Wallon, Jean Piaget e Lev Vygotsky procuram relacionar a temática com o mundo das crianças e como elas produziam a cultura (BIBIANO, 2010).
Segundo Cortez apud Bibiano (2010), Wallon afirma que “a aprendizagem não depende apenas do ensino de conteúdos [...] são necessários afeto e movimento”. Nesse sentido, pode-se pensar no movimento realizado através de brincadeiras, bem como a afetividade e a integração entre aluno-aluno e aluno-professor.
Já Piaget, desenvolveu um estudo refletindo como as crianças pensam a questão do espaço e movimento. O que também chamou a atenção dos estudiosos sobre as teorias de Piaget foi a questão da construção das regras entre os pequenos, quando fazem experimentações e brincadeiras, elas aprendem a compreender os outros e traçam regras para as brincadeiras que vierem a fazer.  Em relação à Vygostsky, a questão da cultura depende de processos interpessoais, o que leva a interação entre os indivíduos, assim a brincadeira pode ser compreendida como uma medida facilitadora para integrar os estudantes (BIBIANO, 2010).
Além disso, Queiros, Martins apud Vigosrsky (2002, p.6) destacam que:

A brincadeira e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações com objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem a criança comportamento alem dos habituais. Nos jogos e brincadeiras a criança age como se fosse maior que a realidade, é isto inegavelmente contribui de forma intensa e especial para o seu desenvolvimento.


Tratando-se do papel do professor e da escola, há de se mencionar que Vygostski retrata a importância do docente como mediador, responsável por ampliar o repertório cultural das crianças. Quanto ao papel da escola, é desenvolver a autonomia da turma, sendo que esses dois processos dependem de atividades desafiadoras, sendo a brincadeira uma intervenção positiva e a apresentação de novas brincadeiras e instrumentos só vêm para enriquecer essa interação (BIBIANO, 2010).
 Corroborando com essas ideias, Winnicott (2008), afirma que se torna de extrema importância o brincar e o criar para a criança, pois permite que se construa a sua identidade pessoal. Sendo assim, a escola deve respeitar o direito que a criança tem de devanear, imaginar, brincar.
Complementando Huizinga (2007) explica que os jogos estão na base do desenvolvimento humano, fazendo parte de todas as fases da vida. Dessa forma, compreende-se a necessidade dos professores como mediadores, incentivarem as brincadeiras com os alunos a fim de que eles interajam e busquem juntos os caminhos para se desenvolverem.
No entanto, a visão de Gilles Brougeré, que estuda a relação dos brinquedos e a crianças desde 1970, defende que, mesmo a brincadeira fazendo parte da essência do ser humano, há a necessidade de uma contextualização, ou seja, torna-se imprescindível um contexto social para ocorrer. Nessa visão, compreende-se que o objeto é simbólico que só tem funcionalidade quando utilizado em brincadeiras (BIBIANO, 2010).
No Brasil, há diversos estudos que enfatizam a importância do brincar para o desenvolvimento das crianças. Brenelli, psicopedagoga que integra o Grupo de Estudo e Pesquisa em Psicopedagogia (Gepesp) da Universidade Estadual de Campinas, explica que estudos têm como foco a observação de crianças com dificuldades de aprendizagem que encontrar nos jogos uma forma de superá-las. Os jogos surgiram como alternativa que auxiliam o ensino de determinados conteúdos. Também, brasileira, Meirelles da Universidade de São Paulo (USP) explica que conhecer e divulgar jogos entre os alunos são ferramentas que auxiliam o trabalho do professor. Além disso, a estudiosa afirma que “a escola deve aproveitar o repertório das crianças (BIBIANO, 2010).
Verifica-se que o brincar vem sendo tema de estudo de diferentes profissionais, filósofos, psicopedagogos, professores, assim, as brincadeiras devem ser incentivadas nas escolas públicas e privadas.
Uma alternativa para os professores que encontram dificuldades quando são cobrados pelos pais que exigem mais conteúdos, é ter um planejamento da rotina dos pequenos, inserir brincadeiras e jogos que possam auxiliar na aprendizagem dos conteúdos. Outra ideia é ter contato com leituras de diferentes estudiosos e manterem-se informados sobre a importância do brincar no desenvolvimento social da criança. E mesmo que não haja uma relação direta com os conteúdos estudados, a brincadeira pode ser compreendida como uma forma de interação entre os pequenos, uma forma de desenvolver a questão dos limites, os respeito com o outro, que são essenciais na educação de qualquer indivíduo.

REFERÊNCIAS 

BIBIANO, Bianca. Aprendendo a jogar e brincar. Revista Nova Escola. São Paulo: ano XXIII n. 218, p. 24-26, Dezembro 2010.

HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura. 5edição. São Paulo: Perspectiva, 2007.

QUEIROZ, T. D. MARTINS, J. L. Pedagogia Lúdica: Jogos e brincadeiras de A a Z. São Paulo,Rideel, 2002.


WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. São Paulo: Imago, 1971.

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