De acordo com Bibiano
(2010), brincar é uma de extrema importância para o desenvolvimento da criança.
Mas como tratar deste tema com os pais que muitas vezes cobram conteúdos dos
professores sem considerar que as professoras das séries iniciais, além dos
conteúdos, organizam brincadeiras que fazem parte da rotina dos alunos?
Este assunto rende o que
falar, assim, pode-se remontar ao final do século 19, em que se desenvolveram
diversas teorias sobre o tema. Henri Wallon, Jean Piaget e Lev Vygotsky
procuram relacionar a temática com o mundo das crianças e como elas produziam a
cultura (BIBIANO, 2010).
Segundo Cortez apud Bibiano (2010),
Wallon afirma que “a aprendizagem não depende apenas do ensino de conteúdos
[...] são necessários afeto e movimento”. Nesse sentido, pode-se pensar no
movimento realizado através de brincadeiras, bem como a afetividade e a
integração entre aluno-aluno e aluno-professor.
Já Piaget, desenvolveu um
estudo refletindo como as crianças pensam a questão do espaço e movimento. O
que também chamou a atenção dos estudiosos sobre as teorias de Piaget foi a
questão da construção das regras entre os pequenos, quando fazem
experimentações e brincadeiras, elas aprendem a compreender os outros e traçam
regras para as brincadeiras que vierem a fazer.
Em relação à Vygostsky, a questão da cultura depende de processos
interpessoais, o que leva a interação entre os indivíduos, assim a brincadeira
pode ser compreendida como uma medida facilitadora para integrar os estudantes
(BIBIANO, 2010).
Além disso, Queiros, Martins
apud Vigosrsky (2002, p.6) destacam que:
A
brincadeira e a aprendizagem não podem ser consideradas como ações com
objetivos distintos. O jogo e a brincadeira são por si só, uma situação de
aprendizagem. As regras e a imaginação favorecem a criança comportamento alem
dos habituais. Nos jogos e brincadeiras a criança age como se fosse maior que a
realidade, é isto inegavelmente contribui de forma intensa e especial para o
seu desenvolvimento.
Tratando-se do papel do
professor e da escola, há de se mencionar que Vygostski retrata a importância
do docente como mediador, responsável por ampliar o repertório cultural das
crianças. Quanto ao papel da escola, é desenvolver a autonomia da turma, sendo
que esses dois processos dependem de atividades desafiadoras, sendo a
brincadeira uma intervenção positiva e a apresentação de novas brincadeiras e
instrumentos só vêm para enriquecer essa interação (BIBIANO, 2010).
Corroborando com essas ideias, Winnicott
(2008), afirma que se torna de extrema importância o brincar e o criar para a
criança, pois permite que se construa a sua identidade pessoal. Sendo assim, a
escola deve respeitar o direito que a criança tem de devanear, imaginar,
brincar.
Complementando Huizinga
(2007) explica que os jogos estão na base do desenvolvimento humano, fazendo
parte de todas as fases da vida. Dessa forma, compreende-se a necessidade dos
professores como mediadores, incentivarem as brincadeiras com os alunos a fim
de que eles interajam e busquem juntos os caminhos para se desenvolverem.
No entanto, a visão de
Gilles Brougeré, que estuda a relação dos brinquedos e a crianças desde 1970,
defende que, mesmo a brincadeira fazendo parte da essência do ser humano, há a
necessidade de uma contextualização, ou seja, torna-se imprescindível um
contexto social para ocorrer. Nessa visão, compreende-se que o objeto é
simbólico que só tem funcionalidade quando utilizado em brincadeiras (BIBIANO,
2010).
No Brasil, há diversos
estudos que enfatizam a importância do brincar para o desenvolvimento das
crianças. Brenelli, psicopedagoga que integra o Grupo de Estudo e Pesquisa em
Psicopedagogia (Gepesp) da Universidade Estadual de Campinas, explica que
estudos têm como foco a observação de crianças com dificuldades de aprendizagem
que encontrar nos jogos uma forma de superá-las. Os jogos surgiram como
alternativa que auxiliam o ensino de determinados conteúdos. Também,
brasileira, Meirelles da Universidade de São Paulo (USP) explica que conhecer e
divulgar jogos entre os alunos são ferramentas que auxiliam o trabalho do
professor. Além disso, a estudiosa afirma que “a escola deve aproveitar o
repertório das crianças (BIBIANO, 2010).
Verifica-se que o brincar
vem sendo tema de estudo de diferentes profissionais, filósofos,
psicopedagogos, professores, assim, as brincadeiras devem ser incentivadas nas
escolas públicas e privadas.
Uma alternativa para os
professores que encontram dificuldades quando são cobrados pelos pais que
exigem mais conteúdos, é ter um planejamento da rotina dos pequenos, inserir
brincadeiras e jogos que possam auxiliar na aprendizagem dos conteúdos. Outra
ideia é ter contato com leituras de diferentes estudiosos e manterem-se
informados sobre a importância do brincar no desenvolvimento social da criança.
E mesmo que não haja uma relação direta com os conteúdos estudados, a brincadeira
pode ser compreendida como uma forma de interação entre os pequenos, uma forma
de desenvolver a questão dos limites, os respeito com o outro, que são
essenciais na educação de qualquer indivíduo.
REFERÊNCIAS
BIBIANO, Bianca. Aprendendo a jogar e brincar. Revista Nova
Escola. São Paulo: ano XXIII n. 218, p. 24-26, Dezembro 2010.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento da cultura.
5edição. São Paulo: Perspectiva, 2007.
QUEIROZ, T. D. MARTINS, J. L. Pedagogia Lúdica: Jogos e
brincadeiras de A a Z. São Paulo,Rideel, 2002.
WINNICOTT, D.W. O brincar e a realidade. São Paulo: Imago,
1971.
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