EDUCAÇÃO
DE JOVENS ADULTOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA COM BASE EM OBSERVAÇÃO
Kasandra de Oliveira
Resumo
O
presente trabalho teve como objetivo analisar o perfil dos alunos da EJA, para
isso, fez-se três dias de observações em uma turma de uma Escola Municipal, na
cidade de São Leopoldo. Verificou-se que, diferente de outras épocas, embora a
maioria repetente, a turma da EJA apresenta um perfil diferente de tempos
anteriores. Os alunos chegam a essa etapa cada vez mais jovens. A turma
observada possui 20 alunos, 15 alunos estão entre 15 a 20 anos, os demais entre
21 a 35 anos, ou seja, a maioria são alunos que reprovaram entre 2 a 3 anos,
por diferentes fatores, começaram a trabalhar, falta de motivação, questões
familiares ou a própria negligência dos pais ou responsáveis.. O restante da
turma, os alunos entre a faixa etária entre 21 a 35 anos, retornaram aos
estudos por motivos de trabalho. Dessa forma, compreendeu-se que o perfil da
EJA no município de São Leopoldo, vem alterando-se no decorrer dos anos.
Palavras- chave: EJA. Faixa
Etária. Escola
INTRODUÇÃO
Atualmente, através do diálogo
entre os professores e alunos do curso de Pedagogia, venho observando que a
maioria dos professores da Educação de Jovens Adultos (EJA), vem comentando
sobre o perfil dos alunos que chegam aos bancos escolares, a sua grande maioria
para estudar no noturno, que apresentam um perfil diferente do que vinha se
observando anteriormente, ou seja, os alunos estão cada vez mais jovens, e são
inúmeros os fatores que os levam a essa modalidade de ensino.
A modalidade de EJA recebeu
várias modificações ao longo da história da educação no Brasil e é colocada
como direito na LDB nº 9394/96, acredita-se que o professor necessita
amparar-se na lei, mas, sobretudo, observar os alunos, o perfil, idade,
particularidades, etc. e fazer as adequações necessárias para que esse aluno
não apenas conclua tanto o ensino fundamental e médio, mas que também,
desenvolva as suas habilidades e competências. Assim, o aluno da EJA não pode
ser visto como indisciplinado, repetente, mas como um aluno a ser motivado para
seguir seus estudos e reconstruir a sua história dentro do processo
educacional.
Este trabalho relata as transformações
vividas por alunos da EJA ao longo da sua trajetória, além de analisar, através
de suas falas, motivos que o levou a abandonar os estudos, sua opinião sobre a
educação e suas conquistas ao voltar a estudar, sabendo que este era um
reinicio de sua trajetória escolar.
METODOLOGIA
Por se tratar de um relato,
optou-se por fazer 2 dias de observação e 1 dia de entrevista com os alunos da
EJA da Escola Municipal Castro Alves em São Leopoldo. Escolhemos a entrevista
como instrumento de pesquisa por “ser um gênero que permite a construção de
identidades através da interação comunicativa” (MEDRADO, 2007, p744 apud
FERREIRA, 2010).
RESULTADOS
E DISCUSSÃO
Segundo o Censo Escolar de
2014, o Brasil possui cerca de 3,5 milhões de pessoas matriculados na EJA. Essa
modalidade é direcionada a alunos que não puderam completar os estudos no
decorrer no ensino regular, isso ao longo da infância e da adolescência.
Entretanto, ainda de acordo
com o Censo, aproximadamente 1 milhão desses alunos ainda estão em idade escolar,
30% das matrículas da EJA do Brasil são de jovens com idades entre 15 e 19
anos.
De acordo com Soares (2015),
muitos estudantes optam por essa modalidade, pois é uma via mais rápida, uma
estratégia de recuperação dos anos perdidos, ou seja, a evasão e a defasagem idade-série.
Também, pode-se dizer que o horário é mais propício para aquele aluno
trabalhador, porque as aulas da EJA se organizam no horário noturno na maioria
das escolas.
Outro fato a ser comentado,
refere-se ao fato de haver outros incentivadores para que o aluno opte pela
EJA, é um incentivo velado que parte muitas vezes dos familiares ou até mesmo
dos próprios professores, a EJA é mais fácil, supõe-se que o aluno tenha
dificuldades de aprendizagem, assim ele é matriculado nessa modalidade.
Preponderante em algumas situações, o aluno considerado “problema”, por
apresentar uma idade diferente dos demais, problemas de indisciplina, o melhor
seria a matrícula no noturno (SOARES, 2015).
Verifica-se que na prática,
são inúmeros fatores que vem modificando o perfil dos alunos dessa modalidade
de ensino.
As palavras de Larieira (2015)
remetem a uma questão de organização das aulas do professor da EJA, visto que
em uma sala de aula há idades diferentes, desde adolescentes a alunos mais
maduros, esse é um fato que causa problemas na hora do planejamento do
professor, pois são vivências, conhecimento de mundo diferente.
A elevada matrícula de jovens na EJA têm
representado desafios para professores e gestores da modalidade, que buscam
conciliar a heterogeneidade de faixas etárias em uma mesma sala de aula, dando
conta das expectativas, necessidades e ritmos de cada uma delas. Planejada em
sua origem para um público adulto, a EJA têm precisado se reinventar ao
oferecer também propostas mais ligadas ao universo juvenil.
Assim, sabendo dessa
realidade, buscou-se através desse relato, fazer as observações e entrevistas
com os alunos da EJA.