domingo, 5 de agosto de 2018

EJA



Sugiro que todos assistam ao filme :

"Uma Lição de Vida".




O filme O Aluno/Um lição de vida se passa no Quênia, o protagonista, senhor Marug, com 84 anos, após ouvir a propaganda do governo sobre educação para todos, resolve procurar uma escola para aprender a ler e escrever, mas encontrou inúmeras dificuldades, pois não havia uma classe "adequada", ou seja, havia alfabetização apenas de crianças de 6 anos. Embora tenha encontrado essa dificuldade, Marug não desistiu de seu sonho, mesmo que sendo bastante criticado pelos moradores locais, tornou-se um aluno bastante aplicado e atingiu os seus objetivos. Observa-se que, embora se passe no Quênia, esta história reflete o descaso com a educação dos adolescentes e adultos, tivemos grandes avanços no campo educacional, com a obrigatoriedade da matricula das crianças na educação infantil desde os 4 anos, mas há de se pensar na educação de todos os cidadãos que por, diferentes motivos, não tiveram a oportunidade de dar continuidade a seus estudos ou, até mesmo, iniciá-los. Cabe perceber a EJA como indispensável para a formação cidadã a fim de beneficiar toda a sociedade.

E leiam o texto "Histórias e Memórias da Educação no Brasil, Vol. III - Séc. XX"
 das autoras Maria Stephanou e Maria Helena Camara Bastos.


Através da leitura percebeu-se que a alfabetização , visando à formação cidadã do povo brasileiro, não foi a questão prioritária dos diferentes governos. Desde a colonização, a partir da catequização dos índios, não houve respeito às tradições e a cultura do povo. Educavam-se as crianças e as viam como multiplicadores a fim de repassar os ensinamentos cristãos para as pessoas que conviviam.  Em 1834, com o Ato Adicional a educação teve caráter filantrópico, a fim de regenerar os adultos, uma massa de pobres, negros livres, até mesmo, negros escravos, a educação doméstica ultrapassava a educação realizada no interior do sistema formal. Já em 1890, 1891, o analfabetismo era visto como "vergonha nacional", Havia mais de 80% de analfabetos, percebeu-se aqui, uma preocupação não com o povo, mas sim com as eleições,pois os analfabetos eram proibidos de votar e eram selecionados por renda. Um vergonha diante dos países mais adiantados.  O povo era considerado degenerado e incapaz, deveria haver uma educação moral também, a fim de "endireitar" a massa pobre da sociedade. No século XX, as experiências foram traumáticas, apenas havia um processo de memorização com as cartilhas do ABC, havia a dificuldade com a abstração dos conteúdos e a inflexibilidade dos professores.  Em 1947, surge, na prática o supletivo, havia uma preocupação com as eleições diretas e com a pressão internacional, neste período 56% da população com mais de 15 anos era analfabeta. Nos anos da ditadura, qualquer um poderia ser professor, a ideia era ensinar desenhar o nome no antigo Mobral. Passado os anos, em 1985 surge a Fundação Educar, mas logo foi extinta em 1990 pelo governo Collor, ocorrendo assim, a falta de articulação entre o Governo Federal e os Estados, os município passaram a assumir a responsabilidade pela EJA. A Constituição de 1988 surge como um marco na história da educação, pois surge como direito do cidadão. Verificou-se diferentes medidas por parte de diferentes governos, mas não teve como prioridade o cidadão, sendo esse considerado incapaz, não ocorrendo uma contextualização do ensino com ênfase na formação integral e cidadã. Não poderia deixar de ressaltar a importância de Paulo Freire e dos movimentos  de cultura popular das décadas de 50 e 60, período em que se deu importância aos saberes do povo, as vivências, entre outros tantos cuidados que se teve com a aprendizagem. Observou-se que a preocupação maior dos governos foram com os índices de analfabetismo. Trazendo para o período atual, tivemos muitos avanços, mas agora retrocessos na área educacional. 
 

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