Sugiro que todos assistam ao filme :
"Uma Lição de Vida".
O filme O Aluno/Um lição de vida
se passa no Quênia, o protagonista, senhor Marug, com 84 anos, após ouvir a
propaganda do governo sobre educação para todos, resolve procurar uma escola
para aprender a ler e escrever, mas encontrou inúmeras dificuldades, pois não
havia uma classe "adequada", ou seja, havia alfabetização apenas de
crianças de 6 anos. Embora tenha encontrado essa dificuldade, Marug não
desistiu de seu sonho, mesmo que sendo bastante criticado pelos moradores
locais, tornou-se um aluno bastante aplicado e atingiu os seus objetivos.
Observa-se que, embora se passe no Quênia, esta história reflete o descaso com
a educação dos adolescentes e adultos, tivemos grandes avanços no campo
educacional, com a obrigatoriedade da matricula das crianças na educação
infantil desde os 4 anos, mas há de se pensar na educação de todos os cidadãos
que por, diferentes motivos, não tiveram a oportunidade de dar continuidade a
seus estudos ou, até mesmo, iniciá-los. Cabe perceber a EJA como indispensável
para a formação cidadã a fim de beneficiar toda a sociedade.
E leiam o texto "Histórias e Memórias da Educação no Brasil, Vol. III - Séc. XX"
das autoras Maria Stephanou e Maria Helena Camara Bastos.
Através da leitura percebeu-se
que a alfabetização , visando à formação cidadã do povo brasileiro, não foi a
questão prioritária dos diferentes governos. Desde a colonização, a partir da
catequização dos índios, não houve respeito às tradições e a cultura do povo.
Educavam-se as crianças e as viam como multiplicadores a fim de repassar os
ensinamentos cristãos para as pessoas que conviviam. Em 1834, com o Ato
Adicional a educação teve caráter filantrópico, a fim de regenerar os adultos,
uma massa de pobres, negros livres, até mesmo, negros escravos, a educação
doméstica ultrapassava a educação realizada no interior do sistema formal. Já
em 1890, 1891, o analfabetismo era visto como "vergonha nacional",
Havia mais de 80% de analfabetos, percebeu-se aqui, uma preocupação não com o
povo, mas sim com as eleições,pois os analfabetos eram proibidos de votar e eram
selecionados por renda. Um vergonha diante dos países mais adiantados. O
povo era considerado degenerado e incapaz, deveria haver uma educação moral
também, a fim de "endireitar" a massa pobre da sociedade. No século
XX, as experiências foram traumáticas, apenas havia um processo de memorização
com as cartilhas do ABC, havia a dificuldade com a abstração dos conteúdos e a
inflexibilidade dos professores. Em 1947, surge, na prática o supletivo,
havia uma preocupação com as eleições diretas e com a pressão internacional,
neste período 56% da população com mais de 15 anos era analfabeta. Nos anos da
ditadura, qualquer um poderia ser professor, a ideia era ensinar desenhar o
nome no antigo Mobral. Passado os anos, em 1985 surge a Fundação Educar, mas
logo foi extinta em 1990 pelo governo Collor, ocorrendo assim, a falta de
articulação entre o Governo Federal e os Estados, os município passaram a
assumir a responsabilidade pela EJA. A Constituição de 1988 surge como um marco
na história da educação, pois surge como direito do cidadão. Verificou-se
diferentes medidas por parte de diferentes governos, mas não teve como
prioridade o cidadão, sendo esse considerado incapaz, não ocorrendo uma
contextualização do ensino com ênfase na formação integral e cidadã. Não poderia
deixar de ressaltar a importância de Paulo Freire e dos movimentos de
cultura popular das décadas de 50 e 60, período em que se deu importância aos
saberes do povo, as vivências, entre outros tantos cuidados que se teve com a
aprendizagem. Observou-se que a preocupação maior dos governos foram com os
índices de analfabetismo. Trazendo para o período atual, tivemos muitos
avanços, mas agora retrocessos na área educacional.

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